A Masculinidade Bíblica: Quando o Amor Define a Verdadeira Força
Há dois momentos que frequentemente marcam a transição de um menino para um homem: o primeiro é quando ele ouve de seu pai a afirmação “tenho orgulho do homem que você se tornou”; o segundo é quando segura seu filho nos braços pela primeira vez.
Embora distintos, esses dois momentos compartilham um mesmo fundamento: o amor. Em um, o amor é recebido como validação e reconhecimento; no outro, é oferecido como cuidado e responsabilidade. Ambos envolvem entrega emocional, vínculo e presença. Características que, longe de enfraquecer o homem, o constituem como tal.
Isso nos leva a uma afirmação fundamental. A masculinidade não é essencialmente sobre força, autoridade ou autossuficiência. Ela é, antes de tudo, um chamado ao amor. Essa afirmação não se baseia em sentimentalismo, mas na própria estrutura da ética cristã e nos exemplos concretos das Escrituras.
Quando José, marido de Maria, descobre que ela está grávida, ele decide poupá-la da vergonha pública, mesmo acreditando inicialmente que ela o havia traído. Deus o corrige, mas antes disso ele já demonstra um amor que protege, que pensa primeiro no outro, mesmo ferido. Ele depois assume o papel de pai de Jesus com coragem, humildade e fidelidade, mesmo sem ser o pai biológico.
Boaz, ao redimir Rute, age com honra e sensibilidade. Ele não apenas cumpre uma obrigação legal como resgatador, mas faz isso com gentileza e respeito. Ele reconhece o valor e a dignidade de Rute, uma viúva estrangeira, e a trata com generosidade e cuidado. Um exemplo de masculinidade acolhedora e protetora.
Davi, apesar de suas falhas, é profundamente marcado pelo amor. Chorou pela morte de Saul, seu inimigo. Lamentou intensamente por Jônatas, seu amigo, com palavras que demonstram profunda lealdade e afeto. E, em especial, por seu filho Absalão, mesmo após sua rebelião. “Quem me dera ter morrido em teu lugar, Absalão, meu filho, meu filho!” Esse choro não o torna fraco. Revela o coração de um pai que ama até quem o traiu.
Paulo, por fim, é uma das figuras mais fortes do Novo Testamento. Missionário incansável, doutrinador firme, mas também terno. Escreve aos coríntios que, mesmo podendo dar ordens, preferiu suplicar por amor. À igreja de Tessalônica, diz que cuidou deles como uma mãe que acaricia seus filhos, e depois se compara a um pai que exorta com firmeza, mas também encoraja. Sua masculinidade não o impediu de ser afetuoso, paciente, compassivo.
Acima de todos, o próprio Cristo. Modelo supremo da masculinidade. Define o amor como o maior mandamento e vive esse amor até o fim. Ele não conquista pelo medo, mas pelo serviço. Ele não impõe, mas se entrega. Ele lava os pés. Ele morre pelos seus. Nele, a masculinidade não é bruta, mas firme. Não é fria, mas justa. Não é dominadora, mas sacrificial.
Portanto, amar não é uma função acessória do homem maduro. É a própria definição de sua maturidade. O verdadeiro homem é aquele que sabe amar de forma firme, constante e responsável. É esse amor que sustenta famílias, que forma filhos, que protege sem oprimir, que guia sem dominar. A masculinidade, quando saudável, não foge do amor. Ela o assume como missão.