"Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem poder sobre a terra para perdoar pecados (ele disse então ao paralítico): Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. E ele, levantando-se, foi para sua casa." (Mateus 9:6-7)

Nesta passagem, há algo que não pode ser ignorado: a função reveladora dos dons. Cristo realizou a cura para demonstrar que Ele tem autoridade para perdoar pecados — algo que somente Deus pode fazer —, revelando, assim, que Ele é Deus.

Ele não curava apenas pelo ato de curar, como se o bem-estar do homem fosse o propósito final. Se assim fosse, o homem se tornaria o centro da questão (o que não é verdade), e o cristianismo seria reduzido a uma forma de humanismo. A cura, portanto, não tinha como objetivo principal apenas aliviar o sofrimento humano, mas servia como um meio de testificar que Cristo é Deus.

Qual era, então, a função reveladora do dom de cura? A mesma que vemos nos milagres realizados por Moisés, Elias, Eliseu e os apóstolos: autenticar a mensagem sobre o Deus que eles anunciavam. Coisas extraordinárias eram feitas em nome de Cristo para mostrar ao povo que Ele é Deus e que Suas palavras são verdadeiras.

Muitas vezes, porém, pensamos que “coisas maravilhosas” são apenas eventos inexplicáveis ou raros, como braços e pernas crescendo instantaneamente, dinheiro aparecendo do nada ou Deus se revelando em uma teofania grandiosa. Somos ignorantes ao desvalorizar os milagres cotidianos que nos cercam. Assim como um peixe não percebe a água em que vive, nós frequentemente ignoramos o fantástico ao nosso redor. O desenvolvimento de um bebê no ventre de sua mãe é tão extraordinário quanto um membro crescendo em um instante — ambos envolvem células se multiplicando e gerando vida. Quanto ao dinheiro, o que há de mais digno do que recebê-lo como fruto do trabalho honesto? Que honra existe em ganhar algo imerecido ou por erro alheio? E sobre a revelação divina, haverá algo melhor do que aquela que o próprio Senhor nos deu? Será que temos uma percepção superior à de Deus, que nos deixou Sua Santa Palavra como revelação diária? Não há meio mais perfeito de conhecer a Deus do que o estudo do Evangelho, pois é ali que Cristo se revela a nós. Nem anjos, nem sonhos podem oferecer um conhecimento mais puro de Deus do que a ação do Espírito Santo por meio da Bíblia.

Esperamos grandes sinais, como Elias em 1 Reis 19, mas negligenciamos as demonstrações mais simples da presença de Deus. Há tantas maravilhas ao nosso redor — o nascimento de um filho, o pôr do sol, uma noite estrelada, as flores, o canto dos pássaros —, mas, enquanto tanta beleza nos envolve, buscamos sinais onde não existem e, assim, desprezamos o verdadeiro propósito de tudo: glorificar a Deus!

Tema: Vivendo para a Glória de Deus!

Texto base: Efésios 1:3-14

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória." (Efésios 1:3-14)

O Pai nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo e nos predestinou para a salvação (vs. 3-5). Jesus Cristo morreu por nós, trazendo-nos redenção e o perdão dos pecados (vs. 6-9). O Espírito Santo, por sua vez, nos sela como propriedade de Deus, testemunhando que somos filhos d’Ele (vs. 13-14; "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" — Romanos 8:16). E tudo isso é para o louvor da Sua glória!

Todo o processo da salvação — desde a eleição até a perseverança e o testemunho dela — é obra de Deus em nós. Contudo, o objetivo final da salvação não somos nós mesmos, mas a glória de Deus. Se a nossa salvação existe para o louvor da glória divina, como nossa vida poderia ter outro propósito? Se o todo é para exaltar a glória do Senhor, como poderíamos imaginar que uma parte disso não o seja?

Tudo o que existe, existe para a glória de Deus. Nada do que fazemos ou deixamos de fazer deve ter outro objetivo além de glorificá-Lo.

• Tudo o que há é para a glória de Deus: "Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Romanos 11:36)
• Tudo o que fazemos deve ser feito para a glória de Deus: "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus." (1 Coríntios 10:31)
• Toda a nossa esperança deve ser a glória de Deus: "Tu me guiarás com o teu conselho, e depois me receberás na glória. Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti. A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre." (Salmo 73:24-26)
• Fomos criados para a glória de Deus: "A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória; eu os formei, e eu os fiz." (Isaías 43:7)
• E salvos para o mesmo fim: "Por isso, pois, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna." (2 Coríntios 4:15)
• Portanto, devemos amar aos outros com esse mesmo propósito: "Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus." (Romanos 15:7)
• Participando do corpo de Cristo, sendo igreja e exercendo os ministérios para glorificar o Senhor: "Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale como quem profere os oráculos de Deus; se alguém ministrar, ministre segundo a força que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém." (1 Pedro 4:10-11)

Toda a nossa vida — o que fazemos ou pensamos, o que deixamos de fazer ou de pensar — deve estar diante de Deus. Afinal, o propósito supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-Lo para sempre.