Além do Arrebatamento: Uma Visão Pós-milenista do Reino de Cristo

destruição do templo

Eu não acredito no arrebatamento dispensacionalista, essa ideia de que os cristãos serão retirados do mundo para escapar da tribulação. Isso porque não sigo o dispensacionalismo, que vê a história dividida em eras distintas com propósitos separados para Israel e a Igreja. Também não adoto visões escatológicas futuristas, que colocam o fim dos tempos num futuro distante. Sou pós-milenista semi-preterista, ou seja, creio que o Reino de Cristo cresce gradualmente e que grande parte das profecias bíblicas já se cumpriu. Vou explicar por quê.

Creio que muito do Apocalipse já aconteceu, com provas bíblicas e históricas disso. A destruição de Jerusalém em 70 d.C., por exemplo, ecoa as palavras de Jesus em Mateus 24 sobre o templo que não deixaria pedra sobre pedra. Assim, a temida tribulação, que virou até tema de filmes, já passou.

Mas nem tudo no Apocalipse se completou. Parte dele está em andamento: o milênio, que entendo como o Reino de Cristo. Cristo descreveu Seu Reino como um grão de mostarda, que cresce até virar a maior das árvores, e como fermento, que leveda toda a massa. Não é algo repentino ou catastrófico, mas um processo vivo que transforma tudo ao redor.

Já vivemos no Reino de Cristo? Sim. Ele está completo? Ainda não. Isso só virá quando Cristo voltar e tudo tomar sua forma final. Como em Daniel 2:34-35 e 44-45, estamos no tempo em que a pedra se torna uma grande montanha. O mundo ainda tem dor, sofrimento e pecado, mas isso está diminuindo.

Doenças são curadas, a fome recua, a expectativa de vida aumenta, direitos civis avançam. Vivemos melhor hoje do que um rei na Idade Média. E conforme o Reino continua a crescer, a qualidade de vida das pessoas comuns tende a superar o luxo de hoje. Enquanto alguns veem apenas decadência, vejo o Reino florescendo. Essa é a tendência, e sua plenitude chegará na Parousia.

Da mesma forma que o mundo ainda não foi totalmente transformado, eu também não fui. Minha vida ainda carrega pecados, orgulho e vaidade, mas o pecado que me aflige foi derrotado na cruz, é subjugado hoje pelo reinado de Cristo e será apagado na Sua volta. Mesmo quando peco, Cristo já reina sobre mim, e Sua graça me conduz até a plenitude do Reino. Minha transformação não foi instantânea, mas ocorre a cada dia. Quanto mais Cristo vive em mim pelo Espírito, mais me pareço com Ele e menos sou aquilo que o pecado quer que eu seja.

Meu corpo ainda sofre, adoece e enfrenta a morte. Minha alma resiste à Lei do Senhor, mas essa dor prova que já pertenço a Cristo; ela me leva a me arrepender e me aponta para a Parousia, quando serei plenamente livre. E, vivendo em Cristo, me torno mais parecido com Ele. Assim como O encontraremos em Sua vinda para habitar o mundo restaurado, minha redenção deve revelar Cristo aos outros. O evangelho não é só sobre mim, mas sobre Deus restaurando todas as coisas.

Quando o milênio se cumprir, Apocalipse 21:3 promete: "E eu ouvi uma grande voz do céu, dizendo: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, e ele habitará com eles, e eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus." Na Parousia, as promessas da aliança se completarão, e seremos um povo unido na plenitude do Reino, onde justiça e paz reinarão. Essa esperança nos guia.

Até que esse dia chegue, seguimos proclamando Seu Reino na Igreja, vivendo a verdade do Salmo 133:1: "Quão bom e quão agradável é para os irmãos habitarem juntos em união!"